[Resenha] Uma Vida Para Sempre

6 de agosto de 2015

De SIMONE TAIETTI 

Título: Uma Vida Para Sempre
Autor: Simone Taietti
Editora: Novo Século
Ano: 2014
Páginas: 347






Eu estava muito ansiosa para ler esse livro, só tinha escutado falar coisas boas sobre ele e digo que Uma Vida Para Sempre atendeu a todas as minhas expectativas, simples e intenso, com mensagens que tocam o coração e nos fazem refletir, vi muitos comentários o comparando com A Culpa é das Estrelas mas no meu ponto de vista é uma obra completamente diferente, não digo melhor nem pior apenas diferente e tão bom quanto, a história dos protagonistas é sim um romance muito bonito mas não é o ponto principal do livro, que aborda outras maneiras de amor como na família e nas amizades, Simone Taietti escreve isso de uma maneira bem envolvente de modo que ao ler o leitor consegue captar os sentimentos ali escritos e mesmo após terminar a leitura do livro aquela mensagem fica ali gravada em sua mente, que mensagem linda desse livro. Vamos conhecer mais sobre essa bela obra.

Ethel é uma jovem de 17 que sofre com uma rara e perigosa doença chamada CIPA ( Insensibilidade Congênita a Dor com Anidrose, Anidrose é não conseguir transpirar, ou seja, ela não sente dor e nem transpira) e baseada em estudos que fez sobre a doença ela afirma estar morrendo, de fato suas chances de sobrevivência são minímas e sua expectativa de vida já superou a base dos médicos. Uma doença vista pelas pessoas como sendo uma coisa boa, afinal quem gosta de sentir dou ou de transpirar? mas é muito grave pois com o fato de não poder sentir dor ela é incapaz de saber se existe algo de errado consigo, vou dar um exemplo básico que aconteceu com a Ethel, enquanto dormia não sentiu desconforto de estar apoiando muito peso sobre o braço e o quebrou, assim do nada enquanto dormia e não sentiu nada, por não sentir dor foi motivo de muita zoação no colégio inclusive batiam nela só para ter certeza, já o fato de não pode transpirar significa que o organismo dela não consegue manter o equilíbrio na temperatura, seja para frio ou quente, nossa Ethel corre riscos constantemente com simples tarefas que para todo o resto do mundo é normal e por isso sua mãe a criou em sua própria bolha, a protegendo de tudo e de todas.


No hospital ela conhece Vitor que sofre com Leucemia Mieloide Aguda e precisa ser internado para fazer um transplante de medula óssea, ao ser internado ele só poderá receber visitas do pai e da mãe e mais um visitante, então ele escolhe Ethel e a bela jovem não sega. Ethel começa a fazer as visitas e logo nasce entre eles o amor. Ethel é uma pessoa que eu no começo da leitura, achava ser muito negativa, mas ao passar das páginas entendi o seu ponto de vista, ela não é negativa apenas tem uma percepção de morte diferente das demais pessoas, ela quer que as pessoas entendam que morrer é inevitável e todos morreremos um dia, todos parecem evitar esse nome e morte é um Tabu que ela gostaria de quebrar, ela quer deixar a mãe preparada para quando ela morrer.

Vitor é bem mais otimista e  está sempre com o sorriso estampado, mesmo sabendo que seus dias estão contados, juntos eles passam a viver intensamente a cada dia como se de fato fosse o último, quanto dura o para sempre? é a pergunta que nos é feita na sinopse do livro e minha resposta ao terminar de lê-lo é que sempre pode durar apenas um segundo basta que você eternize esse segundo. 

Além de Ethel e Vitor temos outros personagens bem interessantes no livro, cada um com sua história mas por traz de cada um Simone Taietti repassa ótimas mensagens, com Catarina por exemplo temos duas amigas que se separaram por falta de comunicação, ela e Ethel acabam seguindo caminhos diferentes ao crescerem e tudo por não terem se comunicado, ao longo dos anos o orgulho de uma não procurar a outra faz com que a amizade se apague, mas esse livro é para refletir então brilhantemente Simone nos mostra que o tempo nunca está perdido corrermos atrás. Outra história marcante do livro acontece com Gertrude um senhora de 81 anos que mais parece uma garotinha, ela não se importa com a idade e vive seus dias da melhor maneira possível. Agora sem dúvida uma das maiores lições é com Edite mãe da Ethel, ela cria sua filha presa em uma bolha com medo do que possa acontecer a ela, mas a super proteção pode também provocar sérios danos, não adianta querer proteger uma pessoa se você nem ao menos a escuta, Edite privou Ethel de muitas coisas e boa parte delas sem necessidade, Ethel acaba se tornando uma menina retraída quando o assunto é conversar com a mãe pois ela nunca a ouve e isso deve ser pensado pelos pais, não adianta prender os filhos mas também não estou dizendo para deixá-los fazer tudo, é tudo uma questão de conversar com eles, os pais sempre terão autoridade e conversar não significa quebrá-la mas podem chegar em uma condição favorável para ambos, ou mesmo que não concordem com os filhos pelo menos tentaram entendê-los e isso será muito importante para eles, digo isso como mãe e como filha.

Uma Vida Para Sempre merece ser lido, Ethel e Vitor não ficam apenas reclamando de suas doenças e nem ficam apenas falando em ajudar pessoas, dar testemunhos, correr atrás do tempo perdido, eles FAZEM o que é bem diferente de falar, eles começam a colocar em prática todas as coisas que nós apenas pensamos, chegam até a ir em uma praça com um mega fone e tudo, abordam pessoas, contam suas experiências e recebem novas em troca, essa foi uma das minhas cenas preferidas no livro, sabe o tal dia do abraço grátis? então, é algo parecido com isso, foi uma cena linda vê-los trocando experiências e falado com pessoas mais velhas sem a menor vergonha. O livro não fala de religião ou crenças fala no valor da vida e de cada segundo. 

"A dor ensina. A dor protege. Ela pode trazer momentos muito ruins para a nossa vida, mas o que seríamos sem ela?" 

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